10.ª parte (COMPLETA.)

Era uma mensagem do Ricardo , "Olha vou contar-te o que fizeste ontem à noite. Tu ontem estiveste aos beijos com o Diogo, por isso é que eles estavam a olhar para ti. E depois foste para um descampado com o Rodrigo. Acho que foi só isso de estúpido que fizeste." , fiquei de boca aberta quando acabei de ler a mensagem . Nunca pensei que seria tão parva em estado crítico . Mas respondi , "Porque é que eu fui parva ao ir  para um descampado como Rodrigo ? Fiz alguma coisa de mal , lá ?" . Passado uns 10 minutos surge a resposta dele , "Não sei , só sei que estás a dar esperanças ao rapaz. Ele gosta de ti, não sei como, mas gosta. E tu a ires para descampados com ele não ajuda , a não ser que tu gostes dele." Eu já não respondi mais , porque sabia que aquela conversa não ia levar a nada de interessante . Fui à cozinha , ainda escandalizada , a pensar como é que o Rodrigo gostava de mim em tão pouco tempo . Mas eu também não tinha moral para falar porque a minha relação com o Pedro tinha começado assim , mas eu ainda estava chocada . A Tatiana já suspeitava de alguma coisa do género . Eu já fazia filmes na minha cabeça , às vezes pensava que os meus filmes mereciam um Oscar , de mim e do Rodrigo juntos . Mas sabia que não podia querer sentir um sentimento que era inexistente em mim . Continuei a minha vida feliz e despreocupada . Mas quando chegou para a hora do jantar eu comecei a pensar como é que ia ser com o Rodrigo , como é que eu ia agir na frente dele e decidi agir normalmente . Como a normal Margarida . Então jantei e fui com a Tatiana ao café . Chegámos lá e eles estavam na mesa do canto . Estavam a fazer umas figuras muito ridiculas como sempre e fomos ter com eles .

- Olá pessoal .

- Alguém vos convidou ?

- Ricardo , vê lá .

- Vá , podem sentar-se .

O Rodrigo estava a olhar para mim e eu já estava a sentir-me desconfortável . Chamei a Tatiana e ela disse-me :

- Ele não pára de olhar para ti , vai falar com ele .

- Não gozes Tatiana .

- Não estou a gozar , parva . Estou a falar asério .

- E digo o que ? 

- Dizes olá , como uma pessoa normal .

- Não sei .

- Vai !

Entã fui muito envergonhada e falei-lhe .

- Olá Rodrigo .

- Olá Margarida . 

- Queres ir dar uma volta ?

- Sim , pode ser .

Fui com ele dar uma volta à aldeia e ele fazia-me rir com as coisas mais parvas . De uma certa forma ele fazia-me sentir bem e feliz . Fomos para o descampado da outra noite . E ele começou a ser super querido comigo .

- Margarida , sua fofa casa comigo .

- Claro Rodrigo , vamos !

- És uma parva .

- Olha a moral , parvo .

- Gosto imenso de ti .

Eu nesse momento senti um calor dentro de mim e um bichinho no meu coração . Não sabia o que era, mas naquele momento não queria pensar em nada . Apenas estar com um amigo . 

Já eram cinco horas e lá estávamos nós a olhar para o céu e a rir. Vi que já era tarde e ele levou-me a casa. Cheguei a casa e a Tatiana estava mortinha de tédio. Fui ter com ela .

- Tatiana !

- Han ? 

- Fala bem !

- Sorry , tou com o Ted e não estou para mais ninguém. 

- És mesmo parva, vá anda beber um sumo .

- Já bebi mais de mil sumos , Margarida . Quero saber como correu , não tive aqui sozinha para nada , não é ?

- Desculpa , desculpa . Correu normal , rimos muito e foi só isso .

- Que podre ! 

- É o que se arranja . 

- És burra .

- Olha Tatiana , cala-te que tu não tens moral nenhuma para falar .

- Pois não .

Não tínhamos motivo , mas mandámos-nos para o chão a rir com aquela conversa tão parva . Bebemos um sumo e ficámos a ver televisão até à hora do jantar . Fomos jantar e eu deixei o meu telemóvel em cima da mesa . A comida era uma maravilha , a minha avó fazia os melhores cozinhados da aldeia e do mundo ! Demorámos muito a acabar de comer porque estávamos sempre a rir e a dizer estupidez . Quando acabei fui à sala e vi a luzinha do meu telemóvel a piscar . Perguntei à Tatiana se ela já tinha visto e ela disse que sim .
- Porque não me avisas-te ?
- Era de uma Filipa e não te queria chatear.
- Há, da Filipa.
- O que tem?
- Nada de mais.
Vi a mensagem, dizia: "Parece que agora é que não há volta a dar." , perguntei-me o porque daquela mensagem e não havia razão para tal reacção. Respondi: "Porque? Fiz algo desta vez? Tipo, não tens razão para dizer isso e pensei que já tivessemos acabadas!". A Filipa ainda era um peso na minha consciencia, um grande peso. A Tatiana viu que eu não estava muito bem e perguntou o que eu tinha, decidi contar-lhe.
- Bem , eu e a Filipa fomos melhores amigas, em tempos distantes. Ela era tudo para mim e eu era capaz de deixar tudo e todos por ela. Estávamos quase sempre juntas e quando não estávamos trocavamos mensagens. Houve um dia em que ela se revoltou contra mim, disse tudo o que lhe ia na alma, desfez-me em lágrimas. Ela disse que já tinha aguentado muito na nossa amizade, que já não dava para aguentar as minhas atitudes. Que a porcaria já estava feita e não havia volta a dar. Eu apenas lhe respondia que precisava dela e que ela era tudo para mim. Naquela conversa fui muito sincera, o mais sincera que consegui. Ela continuava a dizer que não valia a pena. No final da conversa eu fiz-lhe um texto, a falar do que sentia, a falar dela e a falar da nossa amizade e ela respondeu que lhe tinha tocado, mas as minhas atitudes eram demasiado para ela e acabou tudo com um simples "até um dia margarida.". Fiquei muito triste, tinha acabado de perder a minha melhor amiga. Eu andei por volta de 2 semanas assim, mas decidi que não havia mesmo volta a dar e desisti. Parei de chorar, parei de mostrar o que sinto a todos! Mas não sei o porque da mensagem que ela me mandou.
- Lamento Margarida, vais ver que ela se enganou.
- Não enganou, acredita. Acho que toda a luta não valeu mesmo a pena.
- Não digas isso, devias estar orgulhosa de ti mesma.
- Orgulhosa? Não tenho a Filipa, orgulhosa do que?
- De teres feito os possiveis e os impossiveis.
- Pois, talvez...
- Força, amiga!